terça-feira, 26 de maio de 2015

Onda de violência no Rio cria jogo de empurra entre Pezão, Paes e Justiça


A onda de esfaqueamentos no Rio de Janeiro, incluindo o caso de maior repercussão, o da morte do ciclista Jaime Gold, 56, na última terça-feira (19), deu início a um jogo de empurra entre o prefeito Eduardo Paes (PMDB), o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o presidente do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro), Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho.

Nenhum deles se vê responsável pela onda de violência na cidade. Em uma semana, nove pessoas foram feridas por assaltantes armados com facas. A maioria desses crimes têm adolescentes como suspeitos.

A polêmica começou com uma entrevista de Pezão, no dia 20 de maio, quando ele criticou a ação do Judiciário. Em sua versão, a polícia "bateu recorde de prisões em abril, sendo que cerca de 60% eram menores". Porém, afirmou Pezão, "o policial entra por uma porta e a pessoa [o criminoso] sai pela outra".

"(...) E, quando fica preso, infelizmente, o desembargador dá uma liminar soltando todos. Se for para cumprir essa lei que está aí, a gente tem que discutir isso com toda a sociedade", disse ele, em entrevista ao jornal "O Globo".

A declaração provocou a revolta do presidente do TJ-RJ. Para Carvalho, "não há relação de causalidade entre a morte trágica do ciclista" e a "ação da Justiça". Ele disse ainda que o Judiciário "não se exime de suas responsabilidades em relação à segurança pública" e classificou a entrevista de Pezão como uma "generalização que pode levar a raciocínios e compreensões equivocadas".

"Compreendo o desabafo do governador, mas não posso aceitar essa generalização perigosa (...) O que faltou, e isso é evidente pelo exame dos fatos, foi um policiamento ostensivo eficiente, que fosse preventivo e impedisse a barbárie", afirmou o desembargador, em nota enviada à imprensa no dia seguinte ao assassinato de Jaime Gold.

Já Paes foi duro ao falar, no dia 21 de maio, sobre a suposta participação de menores no assalto que terminou com a morte do ciclista. Na visão do prefeito, se confirmada a conduta criminosa dos adolescentes, eles precisam ser tratados como "delinquentes". Paes foi mais longe e afirmou que "isso não é um problema social".

"O que a gente vê nesses casos é uma pessoa que sai armada de uma faca, agride, a ponto de levar essa pessoa à morte. Esse não é um criminoso que tem que ser tratado. É um delinquente que tem que ser tratado com a dureza da força policial. Não tem jeito. Isso não é um problema social", sustentou o prefeito.

A reportagem do UOL conversou com o antropólogo Lenin Pires (Universidade Federal Fluminense) e com o antropólogo e ex-capitão do Bope (Batalhão de Operações Especiais) Paulo Storani sobre o confronto de versões entre autoridades públicas do Rio. Ambos afirmaram que, em geral, o impasse mostra a falência das políticas públicas de segurança, prevenção e enfrentamento da criminalidade. "É engraçado que esse disse-me-disse não existe quando os Poderes dialogam sobre arrecadação de impostos", ironizou Pires.

"Todos eles atuam em uma representação de que a segurança pública é apenas a punição. Não há qualquer responsabilidade quanto às políticas de prevenção. Além disso, falta uma integração entre as forças de segurança para que todos falem a mesma língua. Enquanto não existir essa integração, a sociedade continuará refém dos interesses individuais de cada um", completou o antropólogo da UFF.

Storani também argumentou sobre a carência de uma regulamentação específica, em nível nacional, para a área de segurança pública, que deveria incluir, de acordo com a opinião do especialista, a Guarda Municipal. "Embora a corporação não tenha essa função constitucional, o que a gente observa, na prática, é que a Guarda Municipal também é reconhecida pela população como um instrumento de segurança pública. A presença de guardas municipais nas ruas é importante porque ajuda a coibir o cometimento de delitos", explicou.

Na visão do ex-capitão do Bope, Paes, Pezão e o presidente do TJ têm uma "percepção limitada" do que é a segurança pública. "O policiamento precisa ser acompanhado de políticas sociais de prevenção, inclusão e educação. Além disso, existe uma necessidade urgente de revisão da norma jurídica. Erra o prefeito, erra o governador, erra, em parte, o desembargador do Tribunal de Justiça. Se o Judiciário solta, isso ocorre em razão da flexibilidade da lei", afirmou Storani.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

O jornal Extra matou o jornalismo a facadas



O jornal Extra matou o jornalismo a facadas com a capa que transformou o assassino do médico Jaime Gold em vítima de duas tragédias anteriores, como se as supostas faltas de família e escola fossem as verdadeiras responsáveis pelo crime e equivalessem a um assassinato.
Detalhes:

- O bandido morava num apartamento do Minha Casa Minha Vida, supostamente responsável por melhorias sociais.
- A família que o Extra diz tê-lo abandonado era a dona do apartamento e recebia Bolsa-Família.
- Ele frequentava um Ciep, onde tinha atividades e estudava de graça.
- Lutava judô gratuitamente também.

Tudo com o dinheiro dos nossos impostos.

Mesmo assim, apresento ao jornal Extra os casos de:

- Suzane Von Richthofen, que estudou no Colégio Humboldt, cursou Direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e tinha pais comprovadamente esmerados em sua educação, até decidir matá-los a golpes de barra de ferro, em parceria com o namorado rejeitado por eles e o irmão do dito-cujo.

- Guilherme de Pádua, então ator da maior emissora de TV do país quando decidiu apunhalar até a morte a atriz Daniella Perez, seu par romântico na novela. Os pais do ex-ator que ganhou bolsa na PUC Minas após cumprir pouco menos de 7 anos de prisão “sofreram demais” com o crime, segundo ele próprio.

Em ambos os casos, como em milhares de outros, tratavam-se de assassinos…

- COM FAMÍLIA,

- COM ESCOLA,

…que, assim como o de Jaime Gold, fizeram uma escolha (i)moral pela qual têm de ser responsabilizados.

Apresento ainda:

- o caso da menina de 12 anos estuprada neste mesmo mês NA ESCOLA Estadual Leonor Quadros, no Jardim Miriam, Zona Sul de São Paulo, por TRÊS ALUNOS DA MESMA ESCOLA.

O Extra também vai lamentar que ela “desista” deles?

Sem falar nos inúmeros casos de pobres que venceram na vida, apesar de todas as dificuldades, como o campeão da matemática Ricardo Oliveira, filho de lavradores do interior do Ceará e portador de uma doença rara; ou Thompson Vitor Marinho, filho de pasteleiro e catadora, que passou em 1º lugar em escola federal estudando com livros que a mãe trazia do lixão.

Lá mesmo, onde deveria estar – mas felizmente não estava – essa edição do Extra.

Felipe Moura Brasil - REVISTA VEJA 

QUAL A MELHOR SAÍDA PARA O SECRETÁRIO DE SEGURANÇA BELTRAME ?


quarta-feira, 20 de maio de 2015

COMISSÃO SUGERE REVISÃO DE ESCALA E DA ALIMENTAÇÃO DOS POLICIAIS




A falta de estrutura e de condições até mesmo para se alimentar, problemas na escala de serviços e falta de equipamentos de proteção individual foram alguns problemas relatados por policiais civis e militares, nesta terça-feira (19/05), durante audiência pública das comissões de Defesa dos Direitos Humanos e de Segurança Pública da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Presidente da Comissão de Segurança Pública, a deputada Martha Rocha (PSD) disse que já apresentou uma indicação legislativa para que tanto a escala quanto a alimentação dos policiais sejam revistas. “Minha maior preocupação é com os policiais do interior, porque eles trabalham em um regime de 12 horas por 24 horas de folga e, depois, 24 horas de trabalho por 48 horas de folga. É impossível que uma pessoa que resida no interior possa ir em casa nesse período”, reclamou.
Com relação ao valor da alimentação, a parlamentar classificou como insuficiente. “Hoje, os policias militares recebem R$ 178 por mês. Esse valor não é suficiente, pois é humanamente impossível que ele viva com essa quantia ao dia. A comissão já conversou com o secretário (de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame) e já apresentei indicações legislativas que tratam dessa questão”, disse. Segundo o policial identificado como sargento Mota, da Unidade de Polícia Pacificadora do Tabajara, a escala precisa ser repensada. Ele relatou as condições de trabalho na UPP: “Há cerca de um mês, o Comando de Polícia Pacificadora (CPP) interditou um dos contêineres da base avançada usado como banheiro pelos policiais. Agora, é preciso que os militares se dirijam à base administrativa da UPP, onde há dois sanitários e um chuveiro, localizada no topo da favela, ou ir a bares e a restaurantes da comunidade”.
O subsecretário de Educação, Valorização e Prevenção da Secretaria de Estado de Segurança, Pekhx Jones, disse que existe um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), proposto pelo Ministério Público do Estado, que pode ajudar a superar vários problemas relatados na audiência. Mas, de acordo com ele, o custo desse TAC é “muito alto” e, por isso, a pasta estuda outras formas de resolver os problemas. “Esse termo prevê todos os aspectos do profissional, seja na formação, na valorização, na capacitação e na política de valorização do servidor, mas tem esse problema referente ao orçamento. Se fôssemos cumprir o TAC tal como está escrito, precisaríamos, só este ano, de R$ 10 bilhões, o que, nesse momento, é inviável”, explicou Jones.
Relatório
Doutor em Sociologia e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Ignácio Cano apresentou um estudo feito na Região Metropolitana onde mais de 5 mil policiais militares foram ouvidos. A pesquisa foi baseada em dados de 2014. Segundo Cano, a pesquisa apontou que 7% dos policias militares pensam em suicídio, 57% dos PMs tiveram disparos feitos em sua direção, 35% dos agentes atiraram em serviço e 8% foram feridos. Em referência à satisfação, 29% dos policiais alegaram que estão insatisfeitos com a profissão. Já 24% se sentem desrespeitados pela corporação e um terço disse que é desrespeitado pela sociedade.
Segundo Cano, o estudo demonstra que o alto nível de estresse que os policias sofrem está associado ao excesso do uso da força . “Policiais mais estressados são mais propícios a fazer o uso da força. Hoje em dia, temos uma polícia que não cuida da sociedade e uma instituição que não cuida dos seus policiais. O policial tem constantemente seus direitos desrespeitados, e é preciso que ele seja respeitado para respeitar a sociedade. No discurso dos policias, fica claro que eles não se sentem respeitados nem pela corporação, nem pela sociedade. É um jogo de respeito mútuo que precisa ser construído”, afirmou.
O presidente da Comissão de Diretos Humanos, deputado Marcelo Freixo (PSol), disse que vai apresentar emendas à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), destinando verbas para a melhoria das condições de trabalho dos policiais.”Há muitas queixas com relação à segurança no trabalho e à falta de material, e isso é o que podemos encaminhar coletivamente através de emendas à LDO. Já com relação à escala de serviço e ao regimento, vamos nos reunir novamente daqui a 15 dias e sistematizar uma forma de resolver esses problemas que não dependem de orçamento”, disse o parlamentar.

(Texto de Vanessa Schumacker - site da ALERJ)

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Juiz detona turma de “Direitos Humanos” e Estado em decisão sobre “chacina de 13 pessoas no Alemão”



REVISTA VEJA 

Em 8 de maio de 1995, houve uma grande operação policial em Nova Brasília, no Complexo do Alemão, e 13 suspeitos acabaram mortos, oito dos quais dentro de uma casa. A maioria apresentava perfurações no tórax e na cabeça e tinha idade variando de 17 a 21 anos.

Desde então, a turma dos “direitos humanos” se empenha, como de costume, pela incriminação dos policiais por execução. Os jornais, que são parte da turma, tornaram o caso famoso como “a chacina de 13 pessoas no Alemão”, ignorando, como de costume, alguns fatos relevantes.

Por exemplo:

- Aparentemente, a polícia chegou no momento em que havia um confronto de facções no complexo, o que resultou em uma guerra generalizada.

- Dos 13 “executados”, não se sabe quantos foram mortos por facções rivais, mas um deles foi morto com “munição caseira”, que não é usada pela polícia.

- No dia seguinte, foi necessário pedir autorização ao tráfico para ir ao local fazer perícia, ou seja: a “cena do crime” já estava mais do que prostituída, comprometendo a coleta de provas.

Explicações do Ministério Público
A promotora responsável pelo caso desde 2013, Carmen Eliza Bastos de Carvalho, informou dias atrás:

- o MP “esgotou todas as diligências no inquérito e não teve como denunciar”.

- “Ouvimos testemunhas, parentes das vítimas e moradores. Das 22 armas, conseguimos localizar 17. Fizemos confronto com as cápsulas encontradas nos corpos em 16 armas, mas nenhum deu positivo, todos foram negativos ou inconclusivos.’”

- “Certo é que a descrição das lesões em algumas vítimas indicam que as mesmas foram executadas, em situação, portanto, diversa de legítima defesa. Ocorre que, apesar de todas as diligências realizadas, não se conseguiu identificar de quais armas partiram os disparos.”

- “Infelizmente, na época dos fatos o que se podia fazer não foi feito. Depois de anos, não havia mais qualquer diligência a ser realizada. É sempre frustrante quando não se consegue chegar à autoria em qualquer investigação de homicídio, mas o MP fez tudo o que podia fazer.”

A decisão do juiz
Pois bem. A pedido dos promotores Cláudio Cardoso e Carmen Eliza, o juiz Alexandre Abrahão determinou, no dia 7 de maio, o aquivamento do processo, “fazendo cessar o constrangimento ilegal impelido aos investigados”, a “evidente tortura psíquica por parte do Estado em detrimento dos indiciados”, “mantidos com a corda no pescoço, pasmem, nos últimos 19 anos”.

Abrahão não descarta a hipótese de ter havido execução policial em meio à guerra daquele fatídico dia, mas frisa que isto não legitima ao Estado fazer o que quer e bem entende com o inquérito para dar justificativas à sociedade:

“Execuções, ainda quando exterminados ‘notórios criminosos’ (para alegria ingênua da massa), são repugnantes e covardes. Merecem intenso repúdio, penas agravadas e apuração eficaz. Contudo, não pode o Estado, através dos seus Órgãos e/ou Poderes, instituir um verdadeiro ‘vale tudo’, praticando lesões a direitos e garantias individuais apenas e tão somente por conveniência social e/ou política.”

A intervenção dos “Direitos Humanos” na Justiça
Em 2009, o Ministério Público já havia pedido e conseguido o arquivamento do processo por ausência de elementos mínimos para lastrear a ação penal. Em 2013, no entanto, “do nada, o Ministério Público, instado apenas e tão somente por um requerimento da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, elabora largo parecer afirmando a necessidade de desarquivamento dos autos para o prosseguimento das investigações”.

O juiz Abrahão diz que “agrediram eles dispositivo legal e jurisprudência sedimentada quando optaram por desarquivar estes autos sem uma prova nova sequer!”, como é requerido por lei.

Em vez de prova, o requerimento da Secretaria de Direitos Humanos se dizia “em razão da responsabilização do Estado brasileiro por tais fatos pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos” e de um mero “erro de subsunção”, razões que, para o juiz, “não são, nem de longe, notícia de prova nova a embasar o desarquivamento do feito. O Ministério Público, vejo com tristeza, desconsiderou a decisão do magistrado anterior”.

Ao ignorar a decisão judicial e deflagrar a colheita das provas indiciárias, o MP “rompeu ditames constitucionais e legais; daí porque todo o acervo probatório promovido”, escreve Abrahão, “deve ser desconsiderado e declarado inválido, o que aqui determino enquanto decisão judicial”.

O juiz, no entanto, elogia a isenção da promotora Carmen Eliza, que menciona a decisão do magistrado anterior ao pedir novo arquivamento do processo.

Só para lembrar: se não tivesse chegado o ofício da Secretaria de Direitos Humanos, ninguém teria desarquivado o processo que gerou toda essa confusão.

A pressão sobre o juiz
Para piorar, o inquérito foi cozinhado até a beira da prescrição, que ocorreria no dia 8 de maio, e empurrado com pressão para Abrahão em seu primeiro dia à frente do tribunal do júri.

Na primeira página da decisão, ele afirma:

“Inicialmente esclareço que assumi a titularidade deste Tribunal no dia 04/05/2015, quando de logo recebi estes autos, à beira da prescrição. Todos os envolvidos desenvolveram durante 19 anos suas tarefas, restando para o Poder Judiciário míseras 72 horas para analisar todo o acervo.”

Se Abrahão mandasse o processo para o Procurador Geral da Justiça, certamente muitos diriam que o processo prescreveu na mão do Judiciário, que, como de costume, ficaria com a culpa.

Em sua conclusão, o juiz dá o troco no Estado:

“Não se justifica a permanência, durante infindáveis 19 anos, de seres humanos estagnados como reles indiciados, aguardando as incertezas, conveniências e oportunismos estatais.

A incompetência estatal tornou este um processo de vítimas! Só restaram vítimas aqui!”

Concluo
Pois é. A decisão pelo arquivamento parece toda bem fundamentada, por mais lamentável que seja o episódio.

Só acho uma pena que o juiz não possa arquivar, também, a Secretaria brasileira e a Comissão Interamericana de “Direitos Humanos”.


sexta-feira, 8 de maio de 2015

Tribunal de Contas fará devassa em fundo da PM onde houve desvio


O presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Jonas Lopes, anunciou ontem que vai pedir uma devassa nas compras feitas pela PM nos últimos cinco anos. A decisão foi tomada após o TCE encontrar irregularidades em despesas que somam R$ 7/9 milhões, para a compra de insumos hospitalares. Foram usados recursos do Fundo Especial da Polícia Militar (Funespom). 
Segundo Lopes, em seus 15 anos no tribunal, esse é o maior escândalo que já viu. Ele pedirá ao secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, proteção para os quatro auditores responsáveis pela inspeção na PM. 
— Os auditores se sentem amedrontados em razão de estarem tratando com policiais que desonram a farda. O comandante da PM e todos os envolvidos vão ter que responder — disse Lopes, após o plenário do TCE aprovar um relatório que identificou fraudes no uso de recursos do Funespom. 
As irregularidades causaram prejuízos ao Fundo de Saúde da Polícia Militar (Fuspom), uma das principais fontes de receita do Funespom (destinado a promover melhorias nas condições de trabalho da PM). 
— Essa quadrilha está roubando os próprios PMs, porque são eles que contribuem para esse fundo — afirmou Lopes. 
A inspeção do tribunal foi feita por amostragem em despesas que somam R$ 13,9 milhões, o equivalente a 9% de um total de R$ 144 milhões de recursos do Funespom que, em 2014, foram empenhados pela corporação para a compra de material hospitalar. A auditoria identificou que foram comprados 75 mil litros de ácido peracético (usado para esterilização) por R$ 4,4 milhões. Mas o material não foi sequer entregue no Hospital Central da PM, que, em 2014, utilizou apenas 310 litros do produto. 
Relator do processo, o conselheiro José Gomes Graciosa citou ainda uma série de desvios, como a compra de 175 mil lenços umedecidos (que durariam 209 anos para ser usados), além de mais de 13 mil lençóis (mais de nove mil teriam desaparecido) para o Hospital da PM de Niterói. 
As 21 pessoas envolvidas no esquema, entre elas 19 PMs (incluindo dois coronéis e um major), vão responder por improbidade administrativa e poderão ter que devolver o dinheiro. 
O relatório do TCE será encaminhado ao Ministério Público, que investiga a suposta responsabilidade criminal de oficiais da PM no caso. Em nota, o MP informou que apura a prática de crimes como organização criminosa e fraude em licitações, que envolvem inclusive ex-integrantes do Estado-Maior da PM. 
A PM informou que o atual comando da corporação abriu IPM para apurar desvios de material hospitalar, concluindo que há indícios de crime contra a administração militar estadual. Disse também que membros da comissão gestora do fundo, oficiais e um suboficial do hospital em Niterói já foram indiciados.

Relação dos citados no relatório:

Responsável: Décio Almeida da Silva
Cargo/Função: CEL PM – Subdiretor-Administrativo da Diretoria-Geral de Saúde no período de 20/12/13 a 06/09/2014

Responsável : Kleber dos Santos Martins
Cargo/Função: CEL PM – Diretor-geral de Administração e Finanças

Responsável : Helson Sebastião Barboza dos Prazeres
Cargo/Função: MAJ PM – Chefe do Fuspom no período de 26/12/13 a 23/09/14 e fiscal administrativo do HCPM no período de 30/04/13 a 11/12/13

Responsável: Andrea Carneiro Ramos
Cargo/Função: MAJ PM - Chefe da Central de Material Médico Hospitalar de 10/10/2013 a 26/11/2014

Responsável : Marcia Rezende Dourado Azevedo
Cargo/Função: 1º TEM PM

Responsável : Armando Porto Carreiro
Cargo/Função: CEL MÉDICO - Diretor do Hospital Central da PM no período de 27/08/13 a 28/10/14

Responsável : Alexandre Felix Barbosa
Cargo/Função: TEN CEL PM - Subdiretor administrativo do Hospital Central da Polícia Militar desde 10/12/13

Responsável : Maycon Macedo de Carvalho
Cargo/Função: MAJ PM - Fiscal administrativo do HCPM no período de 11/12/13 a 05/08/14

Responsável : Thiago Cícero Teixeira Bezerra
Cargo/Função: MAJ PM - Fiscal administrativo do HCPM a partir de 05/08/14

Responsável: Carlos Mendes Gomes de Oliveira
Cargo/Função: CEL PM - Diretor de Logística no período de 10/10/11 a 03/12/13

Responsável : Sergio Ferreira de Oliveira
Cargo/Função: MAJ PM - Chefe do Fuspom no período de 19/02/13 a 14/01/14

Responsável : João Jorge de Souza
Cargo/Função: 1º TEN PM – Responsável pelo Almoxarifado do HCPM no período de 01/01/10 a 06/11/14

Responsável : Edson da Silva
Cargo/Função: 2º TEN. PM

Responsável: Marcio da Silva Ribeiro
Cargo/Função: 1º TEN. PM

Responsável : Carlos Henrique de Araújo
Cargo/Função: 2º TEN. PM

Responsável: Sergio Sardinha
Cargo/Função: CEL MED - Diretor do Hospital da Polícia Militar em Niterói, no período de 01/01/14 a 28/10/14

Responsável : Marcelo de Almeida Carneiro
Cargo/Função: TEN CEL PM - Subdiretor administrativo do Hospital da PM em Niterói, no período de 22/02/14 a 08/10/14

Responsável : Fabiano Duarte Lopes
Cargo/Função: CAP PM - Fiscal administrativo do HPM Nit no período de 02/01/14 a 20/10/14

Responsável : João Alexandre de Rezende Assad
Cargo/Função: MAJOR PM MÉDICO - Chefe do Setor de Hemodinâmica do HCPM desde 15/10/13

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Desleixo na Guarda Municipal: Agentes sofrem com carros sucateados e sem vistoria. Setor tem só duas linhas telefônicas para atender a população

Extra - RJ (Mais Baixada)

Casa de ferreiro, espeto de pau 
Agentes sofrem com carros sucateados e sem vistoria. Setor tem só duas linhas telefônicas para atender a população 

Carros sem documentação e com vistoria atrasada, alguns até com problemas nos freios e nos faróis. A maioria está sem estepe e com os pneus carecas. Estas são as condições de trabalho com as quais os mais de 200 homens da Guarda Municipal de Caxias têm que conviver. 
—A cidade tem um milhão de habitantes e não temos o mínimo necessário para atender o cidadão. Não tem como trabalhar nessas condições, que são precárias e colocam todos em risco — desabafa o presidente da Associação dos Guardas Municipais de Duque de Caxias, Paulo Cesar José de Figueiredo.. 
De acordo com ele, as 26 viaturas foram doadas pelo governo do estado em 2008. Todas elas vieram ruins e sem vistoria alguma. 
— O IPVA desses carros não é pago desde 2002, um absurdo. Sem contar o equipamento de GNV, que não é vistoriado há anos. Temos que abastecer com gasolina, o que acaba saindo muito mais caro para a prefeitura — diz Figueiredo. 
Além das condições nas ruas, o quartel da corporação também sofre com a precariedade. Apenas duas linhas telefônicas estão disponíveis para atender toda a população do município. 
— Antes era uma linha só. Essa semana que conseguimos colocar mais uma, porque não estávamos dando conta. Seria necessária uma sala de comunicação maior, com mais aparelhos—destaca o guarda André Mendes Guirra, de 39 anos e com 15 de profissão: — Tantos anos aqui e nunca vi um carro novo chegar para a gente. São muito precárias nossas condições de trabalho. 
Os agentes também alegam que as equipes são insuficientes para atuar em escolas e creches municipais, além de monitorar o trânsito. A falta de um plano de carreira, que segundo os profissionais teria sido promessa de campanha da atual administração, não saiu do papel. 
— Esperamos por esse plano há anos. Queremos que ele vire realidade para nos aposentarmos com dignidade— ressalta Figueiredo. 
Na terça-feira, os agentes fizeram uma paralisação de 24 horas, pedindo melhores condições de trabalho. 
Nova frota em junho 
O prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso, reconheceu que as viaturas estão sem vistoria e precárias, e informou que todas serão trocadas até o mês que vem. 
— Abrimos a licitação em março e acredito que, até junho, será feita a renovação. Reconheço que as que circulam estão em condições ruins e têm que ser trocadas — diz. 
Além disso, o prefeito afirma que está preparando um plano de cargos e salários para apresentar à Câmara dos Vereadores em breve. 
— Caxias nunca teve uma 
Guarda Municipal de verdade e agora vai ter. Estamos trocando os uniformes e muitos agentes já estão com os novos nas ruas. Além disso estou recapacitando a guarda e redefinindo o que é o agente de trânsito — explica. 
Ele adiantou que os carros antigos serão leiloados: 
— É mais fácil comprar do que regularizar os que temos. Será a primeira vez que teremos uma frota nova. 
O governo do estado foi procurado para comentar a doação, mas não retornou até o fechamento da edição.