O chefe do tráfico na Rocinha, Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, de 34 anos, tentou simular a própria morte para escapar do cerco da polícia. O golpe foi descoberto pela Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) e revelado neste domingo pelo programa “Fantástico”, da TV Globo. Dalton Jorge, médico que atestou o falso óbito, está preso por falsidade ideológica e associação ao tráfico. Ele revelou ter recebido R$ 150 para assinar o atestado, sem ver o corpo.
Além do documento forjado, o golpe incluía um deboche com a polícia. O endereço indicado como sendo o local em que o traficante teria morrido era a Rua Major Rubens Vaz 170, na Gávea, sede da 15ª DP (Gávea), delegacia responsável pelas investigações sobre a venda de drogas na Rocinha. O atestado tinha como causa da morte insuficiência renal e diabetes, o que evitaria que o corpo passasse pelo Instituto Médico-Legal (IML) para ser periciado.
De acordo com as investigações, Nem pretendia fazer um enterro rápido, sem velório, na última sexta-feira, às 16h15m, no Cemitério do Catumbi. O objetivo era se aposentar por causa de uma futura ocupação da Rocinha pela polícia.
— A intenção era fazer o que qualquer criminoso sonha: desaparecer e viajar. Cabe agora investigar para saber se houve alguém morto para ser usado no sepultamento. Dar o endereço da delegacia como local de falecimento foi uma ironia com a polícia, mas vamos capturá-lo — afirmou o delegado titular da DRFA, Márcio Mendonça.
Se o golpe fosse concluído, o bandido já teria pronta uma nova identidade, com a data de nascimento alterada em um dia, de 25 para 24 de maio de 1976, e com o nome de Antonio Lopes. Segundo as investigações, a estratégia era divulgar a falsa morte apenas mais tarde, para não levantar suspeita.
No último dia 29, Nem foi denunciado pelo Ministério Público, com o vereador Luiz Cláudio de Oliveira, o Claudinho da Academia (PSDC), por ter coagido moradores da comunidade nas eleições de 2008, em uma reunião na quadra de futebol no alto da favela. Claudinho foi eleito com 11.513 votos, sendo 73% deles na Rocinha.
Moradores dos oito bairros da Zona Sul do Rio que, segundo estatísticas do Instituto de Segurança Pública (ISP), mais sofriam com os roubos a transeuntes, roubos de celular e roubos em ônibus, já contam com um reforço diferenciado no policiamento ostensivo. Trata-se do patrulhamento com cães farejadores em ônibus e duplas de policiais a pé nas ruas onde há mais roubos a pedestres. A iniciativa, que partiu do novo comandante do 2º BPM, tenente-coronel Antônio Carballo, beneficia os bairros da Glória, Catete, Flamengo, Laranjeiras, Cosme Velho, Humaitá, Botafogo e Urca, todos dentro da área policiada pelo Batalhão de Botafogo. Para o comandante, o emprego dos cães nas revistas dentro dos ônibus é uma forma de diminuir os assaltos nas linhas que apresentam maiores ocorrências de roubo e também evitar o constrangimento das pessoas. Já as duplas de policiamento a pé são diferentes do policiamento comunitário, pois não são fixos e podem ser deslocadas após um estudo da mancha criminal para as ruas com maiores incidências de delitos.
