RIO - Sempre que as más condições de trabalho dos policiais do estado do Rio entram em discussão, o exemplo do Distrito Federal é citado como modelo que deu certo. Lá, um policial civil em início de carreira ganha R$ 7.500; o policial militar que acabou de entrar na corporação, R$ 4.500, informa o presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal (Sindipol-DF), Luís Cláudio Avelar.
– O policial pode dar uma vida digna para a família. Não precisa morar no morro – conta Avelar. – Um soldado da PM de Brasília recebe mais do que um capitão do Exército. A qualidade de vida é outra. Ele trabalha melhor.
Avelar lembra que em alguns estados dos EUA o bico é legal. Ele conta que o policial trabalha uniformizado, com carro, combustível e armas da corporação, mas recebe de quem o contratou.
– É uma espécie de parceria público-privada. Aquele local em que não haveria policiamento naquele dia, acaba ganhando a presença de um agente da lei. Não sei se funcionaria aqui. Poderia ter regras claras sobre como o bico seria feito – sugere Avelar.
O presidente da Associação dos Militares Auxiliares e Especialistas, Melquisedec Nascimento, considera que há outras medidas, além do aumento do salário, que podem melhorar a vida dos policiais. Uma é a mudança da escala que determina ao agente que trabalhe 24 horas e descanse 48. Melquisedec reivindica 72 horas de descanso. Coletes à prova de bala para todos e treinamento com armas de fogo, entre outras medidas, fazem parte do rosário de sugestões.
– É como se o policial trabalhasse três turnos de oito horas em apenas um dia. Com 48 horas de descanso, no primeiro dia ele só consegue dormir. Ele não está tendo folga. O policial nos EUA dispara mil tiros em treinamento. Aqui a gente fica três anos, em média, sem dar um tiro em treinamento.
O presidente da Associação de Oficiais Militares Estaduais, Dilson Ferreira Anaide, calcula que 90% dos policias militares fazem algum tipo de bico. Aproximadamente, o número estimado por Melquisedec. Ambos dizem que ao se pensar em bico de policiais, automaticamente se pensa em segurança. Mas, segundo eles, não é bem assim.
– Eu, por exemplo, vendo vinho. Há coronéis que são juízes e bandeirinhas. Tem PMs que são professores. Há até pastores – revela Melquisedec.
Jornal do Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário