Está tudo dominado pelo Governo Ideológico do Crime Organizado. Um relatório de 3 de julho da Justiça do Mato Grosso do Sul atesta que o traficante Luiz Fernando da Costa “continua a comandar sua organização criminosa de dentro dos presídios federais, desejando transformá-los em escritório do crime”. A Procuradoria Geral da Colômbia confirmou a existência de um "acordo terrorista" entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, velha parceira de Beira-Mar) e o grupo separatista basco ETA para cometer atentados e seqüestros.
Atualmente na penitenciária federal de segurança máxima de Campo Grande (MS), o próximo plano de Fernandinho Beira-Mar é mandar assassinar a promotora Márcia Velasco, que atua no processo contra a quadrilha de Beira-Mar desde 1999, no Rio de Janeiro, e eliminar o juiz criminal da 3ª Tribunal Regional Federal do Mato Grosso do Sul e corregedor do presídio federal de Campo Grande, Odilon de Oliveira. Os parceiros de terrorismo podem ser “terceirizados” para cumprir tal missão.
No Rio de Janeiro, o delegado Allan Turnowski, diretor das delegacias especializadas da Polícia Civil, tornou pública uma relação criminosa (já sabida pelos órgãos de inteligência) entre o Movimento dos Sem Terra e o comércio ilegal de drogas na favela da Rocinha – a maior da América Latina. O chefe do tráfico local, Antônio Bonfim Lopes, conhecido como Nem, formou uma parceria com o famoso José Rainha Júnior – um dos líderes do MST (que agora afirma não tê-lo mais como dirigente).
O "intercâmbio cultural" promovido por Rainha levou quadros da "liderança" da Rocinha para conhecer o trabalho “revolucionário” de campo que é feito no Pontal de Paranapanema. Segundo a Polícia, com o know-how adquirido, Rainha e Nem articularam a candidatura a vereador do presidente licenciado da associação de moradores, Claudinho da Academia (PSDC, que faz parte da coligação que apóia o candidato Marcelo Crivella a Prefeito do Rio).
Na estratégia bem ao estilo autoritário-ideológica, Claudinho se apresentou como “candidato único” na favela. Agora, corre o risco de ter a candidatura cassada, porque se tornou, para a Polícia, o principal suspeito de desfrutar do curral eleitoral mantido pelo tráfico na Rocinha. A atividade criminosa é gerenciada por lá pelo Comando Vermelho (o CV) de Beira-Mar, que tem uma parceria operacional com as Farc colombianas. Em troca de peças de carros roubados no Rio de Janeiro, os guerrilheiros colombianos fornecem cocaína aos brasileiros. Leia o artigo de Jorge Antônio Barros, no Globo on Line: O pacto político entre o tráfico e parte do MST na Rocinha
Tal parceria só é atrapalhada por uma guerra em curso. As duas principais organizações criminosas do País, Comando Vermelho (Rio) e Primeiro Comando da Capital (São Paulo), que até fevereiro deste ano conviveram pacificamente, resolveram se enfrentar na fronteira de Ponta Porã (MS) com Pedro Juan Caballero, Paraguai. Já teria rendido 30 mortos para ambos os lados a disputa pelo domínio da fronteira por onde passam drogas e armas.
A batalha é de Fernandinho Beira-Mar, líder do CV, contra Nilton Cezar Antunes Veron, o Cezinha, chefão do PCC. A facção criminosa Primeiro Comando da Capital – que já terceirizou membros do ETA e das FARC no famoso atentado que parou São Paulo - já possui ramificações em diversos presídios do País e que hoje comanda a grande onda de seqüestros no sul de Minas Gerais.
O Conceito
A interligação entre todos esses fatos só confirma a precisão do conceito de Governo Ideológico do Crime Organizado.Trata-se da associação, com fins delitivos, entre as classes política e empresarial, terroristas e criminosos de toda espécie, e membros dos três poderes, para usurpar o poder do Estado e praticar a corrupção, a violência e o terror.O fundamental é constatar que o crime só se organiza ideologicamente com a conivência dos poderes do Estado.
Governo do Crime
O Brasil perde anualmente cerca de R$ 160 bilhões – ou 6% do Produto Interno Bruto (PIB) – com corrupção e fraudes no governo e em empresas.A denúncia é da consultoria KPMG, que joga a culpa nos chamados crimes de colarinho branco.Na maior parte das vezes, tais delitos envolvem lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
Corrupção aumentando
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) faz uma previsão assustadora.Só este ano deverão ser registradas 300 mil operações com indícios de irregularidade.Será um salto de 112% em relação às sacanagens praticadas em 2007.
Escritório do crime
O relatório da Justiça de Mato Grosso do Sul revela que Beira-Mar dá as ordens por intermédio de cartas ou de recados transmitidos a visitantes.O juiz Odilon de Oliveira tentou reduzir as visitas de Beira-Mar de semanais para quinzenais, restringiu-as ao parlatório (cabine com vidro e microfone), e zerou sua correspondência.Mas o Tribunal Regional Federal cassou a decisão de Odilon que impediria Beira-Mar de tocar seus negócios de dentro da cadeia.Assim, o traficante recebe e envia por mês cerca de 15 cartas invioláveis – através das quais são emitidas suas ordens.
Poder econômico
O poder exercido por Beira-Mar - condenado por tráfico internacional de drogas, armas e munição e lavagem de dinheiro – é sobretudo econômico.Prova disso é a Fazenda Campanaí, que pertence ao traficante, situada na cidade paraguaia de Capitan Bado, a 18,8 quilômetros de Coronel Sapucaia (MS).Na propriedade, existem 4 mil cabeças de gado, oito mil tilápias, pista de avião com um quilômetro de extensão, uma sede confortável e piscina.A 2ª Vara da Justiça Federal no Paraná, onde corre o processo da Operação Fênix, enviou pedido de seqüestro da propriedade ao judiciário paraguaio, mas o pedido ainda não foi respondido.
Liga da (In)Justiça
Investigação da Polícia Federal aponta que a munição que abastece os paióis do grupo paramilitar ‘Liga da Justiça’, na Zona Oeste do Rio, é produto do tráfico internacional de armas que domina a fronteira do Brasil com o Paraguai. No primeiro semestre de 2007, a Polícia Rodoviária Federal apreendeu, no Paraná, uma Kombi repleta de munição que seguiria para o Rio de Janeiro.Informada sobre a apreensão, a PF iniciou apuração para descobrir o destino da munição.Durante as investigações, os agentes descobriram que o carregamento seria entregue aos irmãos Natalino (deputado estadual pelo DEM) e Jerônimo Guimarães, o Jerominho (vereador do PMDB), que estão presos.
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