Presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro
Não engana, porque nós não gostamos. O nosso governador tem recorrido a expressões grosseiras e agressivas contra os médicos, tentando identificá-los como responsáveis pelas mazelas da saúde pública. Ele demonstra um quadro de transtorno emocional causado pelo desgaste político decorrente das notícias sobre a crise nos hospitais públicos. Depois de quase dois anos de governo, ele não conseguiu resolver as dificuldades do setor. Ao contrário, manteve os salários dos médicos congelados e não supriu o déficit de especialistas, não realizou concurso público, insiste na contratação irregular de mão-de-obra terceirizada e ainda disputa com a prefeitura o primeiro lugar em incompetência. Além disso, fechou o Iaserj e o Instituto de Infectologia São Sebastião, após interromper as reformas. Enquanto a população morria na epidemia de dengue — ele não tomou nenhuma atitude para evitar —, o governador viajava pelo exterior, fazendo poses de bicicleta. Aliás, é o que faz até hoje.A panela de pressão explodiu. Três mil servidores realizaram, no dia 13, o maior ato de protesto contra o governo em nosso estado. Eleito com o apoio expressivo do funcionalismo, que acreditou em suas promessas, o governador não tem credibilidade para tentar posar, agora, como o arauto da moralidade administrativa, pois, depois que assumiu, jogou todos os compromissos no lixo.E muito menos pode fazer acusações levianas a uma categoriadigna que, apesar da crise, garante o funcionamento dos hospitais com o menor salário do País. Senhor governador, o momento é de gravidade e é preciso dialogar com responsabilidade, respeito e sem arrogância, pois as soluções já são do seu conhecimento.
http://odia.terra.com.br/opiniao/htm/jorge_darze_passou_dos_limites_193849.asp
