O Sindicato dos Jornalistas do Rio se reúne hoje (16) com um advogado
para analisar que medida deverá ser tomada pela entidade após a prisão
da jornalista Vera Araújo, do jornal O Globo,
quando tentava filmar um torcedor detido por policiais militares por
estar urinando na rua. A presidente do sindicato, Paula Máiran, disse
que não vê a prisão como um ato isolado ou um desvio pontual de conduta.
“A gente entende que há uma política de Estado que justifica um
relatório nosso”, disse.
Ela argumentou que de maio do ano passado
até maio último, dos 72 jornalistas que respondem por mais de 100 casos
de agressão sofridos pela categoria no Rio, “cerca de 80% são de
responsabilidade de policiais militares”. Paula Máiran explicou que
embora Vera Araújo conte com o apoio da empresa para a qual trabalha, o
sindicato pretende tomar uma medida de interesse coletivo, visando a
obter prevenção jurídica para esse tipo de episódio.
A
sindicalista lembrou que as autoridades foram notificadas em abril deste
ano, por ocasião de episódio similar, quando outro jornalista do
jornal O Globo, Bruno Amorim, foi detido por policiais militares
quando fazia fotos da ação policial na desocupação da Favela da Oi, no
Engenho Novo. “A gente tinha encaminhado um ofício e aí, infelizmente,
um fato semelhante se repete”. O sindicato não recebeu resposta ao
ofício encaminhado às autoridades no caso de Bruno Amorim. Recebeu
apenas notificação da 25ª Delegacia Policial, relacionada ao inquérito.
“Mas nenhuma resposta formal ao ofício”, disse.
Paula lembrou que
uma conquista obtida pelos jornalistas na semana passada foi a
recomendação do Ministério Público do Trabalho com 16 itens relacionados
à segurança dos profissionais “que precisam ser observadas pelas
empresas”. “A gente vê, por um episódio como esse da Vera Araújo, que a
responsabilidade não cabe só às empresas. Há também uma parcela muito
importante que é do Estado”, destacou a presidenta.
Ela avaliou
que a punição do policial militar identificado como sargento Edmundo
Faria, “que fez o ato de cerceamento contra Vera Araújo”, não é
suficiente. “A gente entende que a violência não foi só prender e ferir,
foi também torturar. Porque circular com ela de carro, durante algumas
horas antes de levar para a delegacia, infere em tortura psicológica. A
punição do indivíduo não basta. Os fatos e as estatísticas comprovam que
isso não resolve a questão”. Segundo Paula Máiran, é preciso trabalhar o
modelo de segurança pública “que tem jornalistas como alvo específico
de perseguição”.
De acordo com relato da jornalista Vera Araújo ao jornal O Globo,
durante o percurso até a delegacia, seu celular foi tomado pelo
sargento Faria, quando ela tentava fazer contato com o jornal e com
representantes da Polícia Militar para explicar o mal-entendido. Faria
decidiu, então, parar o veículo e algemá-la. “Ele apertou tanto que os
meus pulsos estão machucados”, relatou Vera ao jornal. Na delegacia,
acompanhada por um advogado, a jornalista registrou o caso como abuso de
autoridade.AGÊNCIA BRASIL
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