sábado, 27 de setembro de 2008

Presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro

Jorge Darze: Linchamento


Julgamento sumário, sem direito à defesa, seguido de linchamento moral em praça pública. Foi a atitude do senhor Cabral contra médicos do Hospital Getúlio Vargas, durante mais uma de suas recentes inaugurações. “Lenga-lenga”, “me engana que eu gosto” e, agora, “vagabundos” e “safados”, constituem o “rico” vocabulário, com o qual ele demonstra o seu desatino.

Com a velha fórmula de tentar responsabilizar médicos pela crise nas unidades de saúde de sua competência, ele se esquece de que, para ganhar as eleições, fez promessas que não foram cumpridas. Os cinco médicos envolvidos são clínicos gerais, jovens competentes e responsáveis, lotados em setor extremamente deficitário, com inúmeras demissões voluntárias.

Não foi cometida, portanto, qualquer ilegalidade. Ao contrário, quem deve ser responsabilizado é o governador Sérgio Cabral, que, ao longo de quase dois anos de mandato, não conseguiu conter o genocídio na rede pública e tirar da falência a política de recursos humanos.

Os “vagabundos” e “safados” trabalhavam há mais de dois meses sem receber seus salários e sem os direitos trabalhistas. Vê-se que falta credencial moral ao senhor Sérgio Cabral para ousar desrespeitar qualquer categoria profissional, principalmente os médicos, que, apesar de tudo salvam milhares de vidas todos os dias.

O interessante é que, como senador, com salário muito superior ao dos médicos do Rio, Sérgio Cabral contabilizou 178 faltas, de 2003 até a sua saída, em importantes votações. Apenas em 2006, faltou a 52% das sessões. Nesse caso, parece que o motivo não foi doença. Será que algum senador o chamou de vagabundo ou gazeteiro? Talvez não, porque são mais educados.

http://odia.terra.com.br/opiniao/htm/jorge_darze_linchamento_202392.asp