Mesmo preso por ligação com milícia, suspeito ganha linha de van da prefeitura

 Rofino Ferreira Neto foi um dos 193 nomes divulgados pela Secretaria municipal de Transportes, no Diário Oficial de 27 de maio, como vencedor da licitação para operar uma van do Serviço de Transporte Público Urbano Local (STPL) em Santa Cruz. Entretanto, Rofino, mais conhecido como Fininho na Zona Oeste, não pode transportar passageiro algum: atualmente, está no presídio Evaristo de Moraes, em São Cristóvão, preso em flagrante por extorsão desde 5 de março. Na ocasião, Rofino, investigado num inquérito da 35 DP (Campo Grande) por sua ligação com a milícia liderada por Toni Ângelo, arrecadava o pedágio que a quadrilha cobrava de motoristas no ponto final da linha Cosmos-Cascadura.

Rofino enviou sua candidatura a uma vagas concorrência para operar uma das linhas de Santa Cruz em 7 de fevereiro. Dois meses depois, já preso, foi considerado "após análise minuciosa" da comissão avaliadora, "habilitado" à vaga. No dia 27, o secretário Carlos Osório anunciou o nome dos vencedores no Diário Oficial.

No entanto, três dias antes, Rofino precisaria ter comparecido pessoalmente — ou enviado um procurador, segundo o edital — a uma sessão pública no Riocentro, na Barra. Na ocasião, os motoristas vencedores foram escolher as linhas que vão operar. De acordo com a ata da reunião, Rofino não mandou procurador. Apesar de, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, nunca ter saído do presídio, ele teria de ter estado no Riocentro no dia e escolhido a linha Manguariba-Santa Cruz para operar.

Passada essa fase, Rofino foi convocado, em 3 de junho, para assinar o contrato de licitação.

Procurada, a Coordenadoria Especial de Transporte Complementar da Prefeitura do Rio alega que Rofino não compareceu à última fase da concorrência e seu processo foi suspenso. Perguntado sobre quem teria assinado no lugar de Rofino a presença no sessão para escolha de linha, o órgão afirma, em nota, que "o caso será encaminhado à Polícia Civil".