O papo é de ‘responsa’, mas os interesses, conflitantes. Uma das mais bem sucedidas parcerias do Grupo Cultural AfroReggae com o governo do estado colocou ponto de interrogação na cabeça da sociedade civil quando o delegado Márcio Mendonça foi nomeado, este ano, para comandar as investigações de relações pecaminosas do pastor Marcos Pereira com o crime organizado.
Beto (cabelo comprido e barba) ao lado de José Júnior (de boné)
É que um dos policiais que integra, pelo menos desde 2010, a equipe do delegado é Roberto Chaves de Almeida, o Beto Chaves, coordenador do Projeto Papo de Responsa — parceria da Polícia Civil com a ONG comandada por José Júnior, o responsável pelo pontapé nas investigações após denunciar o religioso de articular a morte dele com o traficantes.
O Papo de Responsa é uma ideia do AfroReggae de colocar uma dupla, de policial e ex-traficante, para promover palestras em escolas públicas e privadas, associação de moradores, clube e empresas, a fim de mostrar aos jovens os perigos das drogas e do crime.
Desde o lançamento, em 2009, o programa é coordenado por Beto Chaves e, até março deste ano, a sede do projeto era no próprio AfroReggae. O policial destaca em suas palestras e entrevistas que foi o próprio José Júnior, em 2007, quem o convidou a integrar a equipe do Papo, que hoje já conta com 10 duplas (policiais e ex-criminosos).
Beto Chaves já trabalhou com Márcio Mendonça na Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) e unidades distritais. Foi para a Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) junto com o delegado. O inquérito contra o pastor foi aberto em 2012 pela ex-diretora Valéria Aragão. Mas foi com Mendonça que, em apenas dois meses, foi finalizado a toque de caixa e sem que todas as diligências tivessem sido feitas, o que gerou suspeitas do advogado Silva Neto, defensor de Marcos Pereira. continue lendo AQUI
‘Guerra’ no Alemão envolve R$ 20 milhões em verbas
A troca de acusações e ameaças de morte relatadas pelo coordenador do grupo AfroReggae José Júnior contra o pastor Marcos Pereira deixou transparente uma guerra surda que agita os bastidores da polícia e da política há mais de quatro anos. Nenhuma novidade para quem vive o dia a dia das ONGs nos Complexos da Penha e do Alemão. Com o resgate de traficantes dando ibope na mídia e o interesse de grandes empresas pela efervescência cultural e econômica nas áreas carentes, o território se transformou numa mina de ganhar dinheiro. Aliás, muito dinheiro.
A batalha entre os dois ex- amigos envolve justamente a distribuição de cifras volumosas — perto dos R$ 20 milhões por ano — em recursos públicos e privados. De olho em obter cada vez uma fatia maior do bolo, na corrida ao tesouro, cada lado lançou mão das suas armas num território povoado por traficantes, policiais e políticos.
Como exemplo, os líderes culturais e comunitários citam os R$ 3,5 milhões destinados recentemente pelo governo estadual ao AfroReggae. Se fosse dividido entre as 14 associações de moradores, o recurso alcançaria um número maior de crianças e adolescentes atendidos. Com raiva, passaram a chamar Júnior de ‘Roto Rooter’ — aspira a verba de todos os pequenos projetos da comunidade. continue lendo AQUI
Os dois lados da 'guerra' entre o pastor Marcos e o coordenador do AfroReggae
EMPREGO E CASA PRÓPRIA
SEM APOIO LEGAL - Segundo os advogados, escutas divulgadas pela delegacia não foram autorizadas nos processos abertos por associação ao tráfico, estupro e coação de testemunhas. A acusação fala sobre interceptações, mas não há garantia de que as provas tenham sido obtidas legalmente.
CALADA DA NOITE - Cinco das principais testemunhas foram ouvidas tarde da noite e até de madrugada na Dcod. Em dois casos, depois da meia-noite. O expediente lá termina às 18h, como informam os plantonistas. Em um caso, o policial teve que ser chamado às pressas em casa.
DESCUIDO - Apesar de relatos de lavagem de dinheiro por parentes do traficante Márcio Nepomuceno e do pastor, não foram pedidas as quebras de sigilo financeiro e bancário. Testemunhas relatam contas em bancos e depósitos regulares (até R$ 50 mil). Só agora casos foram desmembrados.
PREGUIÇA - Testemunhas contaram que três pessoas foram mortas a mando do pastor e os corpos enterrados numa fazenda em Tinguá, Nova Iguaçu. Um ano depois, o local não foi vistoriado, e acusados tiveram tempo para eliminar evidências. Uma testemunha é, inclusive, ré confessa.
OLHOS FECHADOS - Um mesmo depoimento, que ganhou crédito por denunciar as farsas do pastor, foi ignorado pelos investigadores ao falar sobre ‘doações’ de dinheiro e bens públicos, feitos por três políticos importantes do estado — um deles, inclusive, é senador da República.
ESTACIONADO - Após um ano, a polícia ainda não descobriu o médico que seria responsável por fazer os abortos em vítimas de estupro que supostamente engravidaram do pastor. E isto apesar dos detalhes que as mulheres deram nos depoimentos e da facilidade de localizar o consultório.
Juíza criticou investigação
Curiosidades no inquérito foram sublinhadas pela juíza Cláudia Pomarico Ribeiro, ( VÍDEO ) da 43ª Vara Criminal, ao negar o pedido de interceptação telefônica feito pelo delegado Márcio Mendonça. Após criticar a investigação, destacou que entre as pessoas a serem ouvidas, uma morreu em 2008. continue lendo AQUI
‘Guerra’ no Alemão envolve R$ 20 milhões em verbas
A troca de acusações e ameaças de morte relatadas pelo coordenador do grupo AfroReggae José Júnior contra o pastor Marcos Pereira deixou transparente uma guerra surda que agita os bastidores da polícia e da política há mais de quatro anos. Nenhuma novidade para quem vive o dia a dia das ONGs nos Complexos da Penha e do Alemão. Com o resgate de traficantes dando ibope na mídia e o interesse de grandes empresas pela efervescência cultural e econômica nas áreas carentes, o território se transformou numa mina de ganhar dinheiro. Aliás, muito dinheiro.
A batalha entre os dois ex- amigos envolve justamente a distribuição de cifras volumosas — perto dos R$ 20 milhões por ano — em recursos públicos e privados. De olho em obter cada vez uma fatia maior do bolo, na corrida ao tesouro, cada lado lançou mão das suas armas num território povoado por traficantes, policiais e políticos.
Como exemplo, os líderes culturais e comunitários citam os R$ 3,5 milhões destinados recentemente pelo governo estadual ao AfroReggae. Se fosse dividido entre as 14 associações de moradores, o recurso alcançaria um número maior de crianças e adolescentes atendidos. Com raiva, passaram a chamar Júnior de ‘Roto Rooter’ — aspira a verba de todos os pequenos projetos da comunidade. continue lendo AQUI
Os dois lados da 'guerra' entre o pastor Marcos e o coordenador do AfroReggae
Farsa ou verdade? Os bastidores da investigação que colocou na cadeia
o pastor Marcos Pereira mostram histórias de “pecados” que vão da
manipulação de testemunhas ao uso de provas obtidas sem amparo legal. E
escondem uma disputa ferrenha por dois territórios onde verbas públicas e
privadas jorraram nos últimos anos, além de serem dois currais
eleitorais de peso: os complexos do Alemão e da Penha.
A apuração policial colocou em lados opostos
dois ex-amigos com vocação de resgatar traficantes do mundo do crime. De
um lado, Marcos Pereira, acusado de estuprar ex-missionárias da sua
igreja, a Assembleia de Deus dos Últimos Dias. De outro, o coordenador
do grupo AfroReggae, José Júnior, que após denunciar o religioso por
tramar a sua morte em parceria com o crime organizado, transformou
assessores de seu grupo cultural em investigadores a serviço da
Delegacia de Combate às Drogas (Dcod).
Um desses homens é o pastor Rogério Ribeiro Menezes.
Ex-homem de confiança de Marcos Pereira, ele trocou a igreja pelo
AfroReggae após ouvir os relatos da violência sexual que a mulher teria
sofrido de Marcos Pereira por nove anos. Foi ele quem convenceu e levou —
algumas vezes em seu próprio carro — todas as testemunhas à delegacia.
Nem sempre de forma franciscana.
Numa gravação o pastor Rogério Ribeiro Menezes junto com o ex-traficante José Claudio Piuma, o Gaúcho,
oferece emprego e casa para convencer uma pessoa a dizer na delegacia
que o pastor estuprou a mulher e a filha, de 16 anos. E diz que tem
autorização de José Júnior. “O Júnior já falou comigo novamente hoje... O
que você, assim, pretender ajudar, eu assino embaixo... A gente arruma
um emprego pra ele”.EMPREGO E CASA PRÓPRIA
Em outro trecho da gravação, feita através de uma escuta ambiental, Rogério e Gaúcho conversam com a testemunha: (ASSISTA O VÍDEO )
“(Basta você dizer...) Rogério, eu
quero morar em Jacarepaguá, Rogério, quero morar em Niterói. Tu já
conhece e nós vemo (sic) uma casinha pra tu lá”.
Pouco depois, Gaúcho e Rogério enfatizam a promessa de emprego:
“Você tem trabalho, tem tudo...”, diz Gaúcho.
“De repente, no AfroReggae”, comenta Rogério.
“No AfroReggae mesmo”, prossegue Gaúcho.
“Tá entendendo, de carteira assinada lá no AfroReggae”, finalizou Rogério, diante da testemunha.
Pouco depois, Gaúcho e Rogério enfatizam a promessa de emprego:
“Você tem trabalho, tem tudo...”, diz Gaúcho.
“De repente, no AfroReggae”, comenta Rogério.
“No AfroReggae mesmo”, prossegue Gaúcho.
“Tá entendendo, de carteira assinada lá no AfroReggae”, finalizou Rogério, diante da testemunha.
José Júnior não enxerga conflito de
interesses. Alega que a contratação obedeceu critérios profissionais e
que é vítima de Marcos. “De todas as testemunhas, só duas ou três
pessoas trabalham no AfroReggae. Elas denunciaram as violências que
sofreram, os crimes que viram. Não há mentira”, sustenta.
Mas a coincidência passeou pelo
caminho da investigação. Outra testemunha, no mesmo dia que começou a
trabalhar no AfroReggae (6 de abril), foi levada pelo pastor Rogério à
Dcod para acusar Marcos de encenar milagres e resgates de bandidos. E
com um adendo: o depoimento aconteceu depois da meia-noite. Horário
pouco convencional para uma delegacia especializada, com expediente
reduzido e num inquérito que se arrastou por mais de um ano, mas que se
repetiu. Ao todo, cinco pessoas foram ouvidas na polícia entre 22h e 1h.
José Júnior se transformou em cabo eleitoral do governo Sérgio Cabral com a pacificação ( ASSISTA O VÍDEO )
OS 7 PECADOS CAPITAIS
PARCIALIDADE
- Todas as testemunhas ouvidas no inquérito foram levadas por
funcionários do AfroReggae, parte interessada na investigação. Algumas
receberam a promessa de casa e emprego no próprio grupo cultural, onde
cinco cumprem jornada regular de trabalho.SEM APOIO LEGAL - Segundo os advogados, escutas divulgadas pela delegacia não foram autorizadas nos processos abertos por associação ao tráfico, estupro e coação de testemunhas. A acusação fala sobre interceptações, mas não há garantia de que as provas tenham sido obtidas legalmente.
CALADA DA NOITE - Cinco das principais testemunhas foram ouvidas tarde da noite e até de madrugada na Dcod. Em dois casos, depois da meia-noite. O expediente lá termina às 18h, como informam os plantonistas. Em um caso, o policial teve que ser chamado às pressas em casa.
DESCUIDO - Apesar de relatos de lavagem de dinheiro por parentes do traficante Márcio Nepomuceno e do pastor, não foram pedidas as quebras de sigilo financeiro e bancário. Testemunhas relatam contas em bancos e depósitos regulares (até R$ 50 mil). Só agora casos foram desmembrados.
PREGUIÇA - Testemunhas contaram que três pessoas foram mortas a mando do pastor e os corpos enterrados numa fazenda em Tinguá, Nova Iguaçu. Um ano depois, o local não foi vistoriado, e acusados tiveram tempo para eliminar evidências. Uma testemunha é, inclusive, ré confessa.
OLHOS FECHADOS - Um mesmo depoimento, que ganhou crédito por denunciar as farsas do pastor, foi ignorado pelos investigadores ao falar sobre ‘doações’ de dinheiro e bens públicos, feitos por três políticos importantes do estado — um deles, inclusive, é senador da República.
ESTACIONADO - Após um ano, a polícia ainda não descobriu o médico que seria responsável por fazer os abortos em vítimas de estupro que supostamente engravidaram do pastor. E isto apesar dos detalhes que as mulheres deram nos depoimentos e da facilidade de localizar o consultório.
Juíza criticou investigação
Curiosidades no inquérito foram sublinhadas pela juíza Cláudia Pomarico Ribeiro, ( VÍDEO ) da 43ª Vara Criminal, ao negar o pedido de interceptação telefônica feito pelo delegado Márcio Mendonça. Após criticar a investigação, destacou que entre as pessoas a serem ouvidas, uma morreu em 2008. continue lendo AQUI
Nenhum comentário:
Postar um comentário