Especialista diz que 'há algo de podre no Reino da Alerj/Trivale'
Acredite. Para gerenciar os cartões-combustível da Assembleia Legislativa do Rio, a Trivale Administração, dos irmãos Pajaro, suspeitos de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, aceitou trabalhar de graça. O Resumo de Julgamento do Pregão 07/2013, exposto no site da Alerj, mostra que a Trivale venceu a concorrência pública ao colocar sua taxa de administração em 0,00% (zero percentual), veja na imagem. A informação, segundo especialistas ouvidos pela coluna, reforça os indícios de fraude no contrato que deve consumir dos cofres públicos R$ 2,6 milhões em um ano e já está sendo investigado pelo Ministério Público do Rio.
O professor de Direito da PUC-RJ Manoel Peixinho, pós-doutorando em
Direito Administrativo pela Universidade de Paris X, defende que a Alerj
anule a licitação já que a Trivale ofereceu um “valor inexequível”, ou
seja: que não se pode executar ou cumprir.
Já o presidente da
Associação Brasileira das Distribuidoras de Combustíveis (Abcom),
Valdemar de Bortoli Júnior, levanta suspeita sobre o fato de a empresa
“trabalhar de graça”.
- Em algum lugar ela está ganhando. Quem
trabalha de graça para um órgão público? Onde a Trivale ganha? Será que é
por meios legais ou escusos? – questiona Valdemar.
O caso fica
ainda mais nebuloso com a resposta da Sodexo Pass do Brasil, que
prestava o serviço à Alerj até o mês passado e foi derrotada pela
Trivale. A Sodexo cobrava 1,25% de taxa de administração. No Pregão
07/2013, ela manteve a taxa e acabou perdendo o contrato. Procurada pela
coluna, a Sodexo não comentou o caso. A assessoria de comunicação da
empresa limitou-se a dizer que “infelizmente teremos que declinar, pois
estamos sem porta-voz”.
O professor Manoel Peixinho, que também é
doutor em Direito Constitucional e advogado especializado em Direto
Público, aponta a irregularidade que o presidente da Alerj, deputado
Paulo Melo, e a segunda-secretária da Alerj, deputada Graça Matos, não
enxergam.
- A taxa de 0,00% tem o objetivo de mascarar os ganhos
indiretos, negociados diretamente com os revendedores de gasolina. ‘Há
algo de podre no Reino da Dinamarca’, ou seja, no Reino da Alerj/Trivale
– dispara Peixinho.
Para o professor da PUC-RJ, “a decisão da
Alerj fere o princípios da economicidade e, principalmente, da
transparência”. Ainda de acordo com ele, “a Alerj não tem nenhuma
vantagem com o contrato e a empresa tem os seus interesses diretamente
com os revendedores de combustíveis”.
O presidente da Abcom diz que a Trivale, ao ganhar o direito de
gerenciar o sistema de cartões-combustível, não pode emitir nota de
venda de produto, no caso, gasolina, GNV, diesel e etanol. Pode apenas
emitir nota de prestação de serviço pelo gerenciamento do sistema. E os
postos credenciados pela Trivale não podem emitir em favor da Alerj a
nota da venda do combustível, já que não ganharam a licitação para fazer
isso.
- Isso é fraude fiscal. Quem vai emitir a nota pela venda
do combustível? Nem a Trivale, nem os postos podem. A Alerj está
comprando combustível da Trivale sem documento fiscal.
Valdemar questiona ainda a forma que a Trivale vai lucrar com o contrato.
-
Será que ela vai chegar nos postos e cobrar alguma coisa para
credenciá-los? Ela chega e diz: “Ó, vou colocar um órgão público para
abastecer aqui sempre e você me dá tanto. Aí, você vende o combustível
ao preço que quiser”. Geralmente, é isso que acontece. Sem falar que
nessa transação não terá nota fiscal. Isso é uma maravilha para lavar
dinheiro – sentencia.
Um deputado de um partido da base aliada do
governo, que pediu para não ser identificado, confirmou que a Alerj não
controla as notas fiscais das compras dos combustíveis.
- Não tem
controle nenhum. Meu gabinete faz um controle próprio, recolhe as notas e
confere a quilometragem. Mas nunca ninguém da Alerj me pediu essas
notas – afirma o parlamentar. LINK DA REPORTAGEM
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